A latinha de pregos do meu avô
Aproveite o inventário e transforme risco em oportunidade. Não deixe matéria prima, insumos, produtos acabados, equipamentos virarem prejuízo
Desde criança lembro do meu avô lá com martelo e chave de fenda pacientemente tirando pregos e parafusos da madeira quando alguma coisa na casa perdia utilidade. E invariavelmente tudo ia pra latinha, junto com os pregos e parafusos novos que sobravam de alguma invencionice na casa. A latinha ficava guardada nas prateleiras da garagem com outras coisas que eventualmente poderiam ter uso no futuro .Com o tempo (e o volume de coisas aumentando lá na prateleira) a latinha foi galgando degraus até a prateleira mais alta. Ela ficava lá no topo, guardada. Se um dia eu precisar…. Dizia meu avô.
Lembro inclusive de uma situação que poderia ser engraçada, não fosse trágica, da minha avó “fazendo espaço” pra guardar alguma coisa, ou seja, empilhando tudo. A latinha não deu conta da pressão do seu pequeno espaço. Se jogou da prateleira em cima do pé da minha avó… Antes de morrer passa dizia ela mancando. Eles foram criados com esse conceito. “Quem guarda tem”.
O interessante nessa história é que eu não me lembro de ter visto alguém usar um parafuso que fosse da latinha. Eles sempre iam lá, davam uma olhada, não achavam nada que servisse e pediam para alguém comprar o que ele precisava. Mais de uma vez participei da reorganização daquele espaço, e mais de uma vez ouvi meu pai sugerir que a latinha fosse cedida para os catadores que passavam na rua, ao menos eles venderiam o ferro… mas nada. “Se um dia eu precisar…"
Um tempo depois do falecimento do meu avô a família combinou de reorganizar aquele espaço. Começamos a olhar coisa por coisa, e obviamente a maioria já tinha virado lixo ou sucata há muito tempo. E lá no meio estava a latinha. Virei o conteúdo da latinha… Tudo absolutamente tomado pela oxidação.
Os pregos e parafusos novos que lá foram guardados acabaram inutilizados, junto com o que para mim já não tinha mais função desde a infância. Não tive coragem de dar para um catador….Lixo.
Essa história de família trouxe um grande aprendizado para toda a minha vida.
Aí você me pergunta, tá bem, mas e o que isso tem a ver com a minha empresa?
Tem tudo a ver. A gente acaba por questões culturais, pessoais, ou quaisquer que sejam acumulando. Na nossa casa, nas nossas empresas…
Um dia eu vejo o que faço com isso…
Não vou vender isso por menos do que eu paguei..
Quem sabe a gente não usa pra alguma coisa?
E se um dia eu precisar… dizia o meu avô.
Em momentos de incerteza, como os que chegaram de mãos dadas com a pandemia, liquidez e eficiência são as únicas formas de se manter competitivo. Buscar eficiência as vezes é trabalhoso, mas tem uma boa notícia: quando estivermos voando em céu de brigadeiro toda a eficiência que conquistamos permanece, se transforma em markup.
E nunca podemos esquecer de outra máxima: dinheiro faz dinheiro.
Com a história do meu avô aprendi que é muito mais lucrativo liberar espaço do estoque, vender - mesmo que com um pouco de deságio - o que não tem aplicação imediata e aproveitar esse recurso literalmente imobilizado, muitas vezes inutilizado, nos projetos que estão girando com força. Manter a roda girando não basta, precisamos acelerar.
Se você colocar na ponta do lápis as oportunidades que você perde por falta de força de investimento, ou o custo financeiro para se capitalizar e aproveitar essas oportunidades, você vai ver que é muito, mas muito mais barato vender os seus ativos que estão parados, sem giro, e, se for o caso, comprar de novo no futuro do que deixar lá parado e correndo o risco de transformar INATIVO em INUTILIZÁVEL.
Estamos nos aproximando do final do ano, os inventários estão chegando. Junto com eles 13 salário, férias, primeiro trimestre….
Minha sugestão é que você deixe o emocional para as histórias de família e tome uma atitude de administrador. O que está em linha permanece. O restante bota girar. E com isso você sabe que pode contar conosco. A gente é especialista em encontrar a melhor oportunidade para os seus ativos imobilizados. Sejam eles matérias primas, insumos, equipamentos ou produtos acabados.
Bora lá fazer giro antecipando o inventário!